domingo, 26 de junho de 2011

 

Dependência não se resolve por decreto
Na sua maior parte, os usuários de drogas ilícitas estabelecem padrões de consumo que os caracterizam como usuários ocasionais ou recreacionais, a exemplo do que se observa com o álcool e com outras drogas legalizadas. Apenas uma minoria se torna dependente.
Para quem se torna dependente, seja a droga lícita ou ilícita, as consequências são desastrosas e o sofrimento é intenso. Mas a empatia que temos com o sofrimento do dependente e de seus familiares e a nossa preocupação com o fato de existirem pessoas envolvidas com drogas não nos autoriza a considerar todo usuário um dependente.
Isso não se deve exclusivamente ao uso de uma substância; depende de quem é esse usuário, da sua vida emocional e do contexto no qual ele utiliza a substância. O amplo consumo de álcool no Ocidente ilustra bem essa constatação: nem todo consumo é problemático.


Por razões eminentemente ideológicas, vemos modelos repressivos do tipo "diga não às drogas" e "guerra às drogas" ainda serem implantados, apesar de suas evidências de eficácia sinalizarem o contrário . Claramente, a guerra às drogas foi perdida há muito tempo. Apesar dos fracassos sucessivos, os guerreiros envolvidos nessa guerra tentaram inicialmente minar as estratégias de redução de danos, mesmo nas situações em que somente estas funcionavam.
Cegos em sua postura totalitária e onisciente, os defensores das guerras às drogas passam a atacar de forma insana o inimigo errado: punir os dependentes, responsabilizar os usuários pelo tráfico, demonizar as drogas e ridicularizar o consumo de substâncias, exceto aquelas que eles mesmos usam, em geral álcool, cafeína e medicamentos, tratadas com injustificada benevolência (cafezinho, cervejinha, uisquinho, remedinho...).
A situação atual no panorama das drogas está entre o circo dos horrores e o teatro do absurdo...
A luta antimanicomial trouxe à luz as condições desumanas aplicadas aos doentes mentais. Em vez da hospitalização em unidades de internação em hospital geral, prevalecia um sistema carcerário em que os maus tratos a pacientes eram a regra.
Curiosamente, esse modelo obsoleto tende agora a ser preconizado para dependentes químicos.

Não existe respaldo científico sinalizando que o tratamento para dependentes deva ser feito preferencialmente em regime de internação. Paradoxalmente, internações mal conduzidas ou erroneamente indicadas tendem a gerar consequências negativas.
Quando se trata de internação compulsória, as taxas de recaída chegam a 95%! De um modo geral, os melhores resultados são aqueles obtidos por meio de tratamentos ambulatoriais. Se a internação compulsória não é a melhor maneira de tratar um dependente, o que dizer de sua utilização no caso de usuários, não de dependentes?
No caso das pessoas que usam crack na rua, é muito simplista considerar que aquela situação de miséria e degradação seja mera decorrência do uso de droga. Não seria mais realista consideramos que o uso de drogas é consequência direta da situação adversa a que tais pessoas estão submetidas?
A dependência de drogas não se resolve por decreto. As medidas totalitárias promovem um alívio passageiro, como um "barato" que entorpece a realidade. Porém, passado o seu efeito imediato, etéreo e fugidio, surge a realidade, com sua intensidade avassaladora....
Assim, qual seria a lógica para fundamentar a retirada dos usuários das ruas, impondo-lhes internação compulsória?
Não seria, por acaso, o incômodo que essas pessoas causam? Seria porque insistem em não se comportar bem, segundo nossas expectativas? Ou porque nos denunciam, revelando nossas insuficiências, incompetências e incoerências?
Medidas "higienistas" dessa natureza não tiveram boa repercussão em passado não tão distante...
 

DARTIU XAVIER DA SILVEIRA, médico psiquiatra, é professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da mesma universidade

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“Uso de drogas existe solução, mesmo ele não querendo”.
Tadeu Assis - Técnico em Dependência Química.
-  Projetos de Prevenção e Palestras em Escolas e Empresas.
-  Tratamento: Modelo Misessota – 12 Passos - TCC.
-  Acompanhamento Terapêutico e Cursos de Capacitação.
Contato: (22) – 9914.3450

sábado, 4 de junho de 2011

O papel da equipe na Dependência Química.

O papel da equipe na Dependência Química. 

          Na modernidade, o avanço do saber produziu o isolamento das disciplinas e os interesses corporativos que levaram a uma fragmentação do conhecimento. Esse fenômeno resultou na racionalidade técnico-científica que regula os processos de trabalho na área de saúde.
          O modo de organização do trabalho tem sido apontado como elemento dificultador da produção de um cuidado integral e de melhor qualidade em saúde, tanto na perspectiva daqueles que a realizam como daqueles que dele usufruem. O trabalho em saúde inclui a particularidade de ser desenvolvido por pessoas tendo em vista alcançar outras pessoas.
          A complexidade envolvida nesse campo ultrapassa os saberes de uma única profissão ou área de conhecimento. A busca de novas formas de organização do trabalho em saúde é uma decorrência evolução do conhecimento e uma necessidade própria da complexidade que os problemas de saúde vão assumindo na contemporaneidade.
          Com a ratificação da racionalidade técnico-científica na formação do profissional de saúde, a tendência da superespecialização acentuou ainda mais o caráter parcelar e fragmentário com que são percebidos os fenômenos que estão em jogo no processo saúde – doença – cuidado, reforçando suas contradições e dicotomias.
          O tratamento da dependência de substâncias psicoativas pode ser tomado como exemplo de um campo complexo e multifatorial, que exige abordagem integrada das diversas dimensões implicadas. A participação do profissional de saúde na equipe interdisciplinar junto aos usuários de álcool e\ou de outras drogas tem como fundamento estratégico propor uma assistência com vistas a estabelecer mudanças na vida do paciente. As possibilidades de construção de uma proposta de intervenção em comum e planificada decorrem, em grande parte, em características da equipe, tais como, flexibilidade, criatividade, porosidade das fronteiras profissionais e compartilhamento contínuos de saberes.
          É necessário que o profissional amplie seu olhar e seu campo de referências, visando potencializar sua participação na equipe, o que implica poder reconhecer os limites e a insuficiência de seu saber frente à multiplicidade inesgotável do fenômeno multifacetado com o qual se trabalho.
          Equipes multidisciplinares são cada vez mais requeridas na área de saúde, na busca de soluções para os problemas relacionados à qualidade dos cuidados oferecidos. A atuação desta equipe em dependência química tem por objetivo implementar estratégias de assistência comprometidas com uma política de enfrentamento capaz de potencializar mudanças de vida do usuário e de sua família.
          Dependência Química é um problema social e de saúde complexo o qual nenhuma disciplina, religião ou profissão pode responder de forma isolada.

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“Uso de drogas existe solução, mesmo ele não querendo”.
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quinta-feira, 31 de março de 2011

Curso de Formação de Multiplicadores-- Paróquia de São Cristovão - Pastoral da Sobriedade


Paróquia de São Cristovão
Pastoral da Sobriedade
Cabo Frio RJ



Curso de Formação de Multiplicadores
em Dependência Química
18/05 – Classificação das drogas.

25/05 – Dependência Química a doença.

01/06 – Família e Codependência.

08/06 – Prevenção, Tratamento e Reinserção Social.

15/06 – Abordagem, motivação e intervenção.

Local – Salão paroquial das 19:00 as 21:00 horas.

Inscrição – Até 13/05, gratuitamente na secretaria da Paróquia.
                    Praça de São Cristóvão, Cabo Frio, RJ.


“O preconceito é gerado pela má informação, então devemos informar melhor e com qualidade, porque a informação aproxima, gera conhecimento, abre horizontes, mais nem sempre ela esta ao alcance de quem mais precisa.”


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O SUS e sua última chance
Com a frágil estrutura que caracteriza a maioria dos nossos municípios, é urgente uma participação maior dos entes estaduais e federal
Nenhuma das vertentes que reivindicam para si o diagnóstico das dificuldades que o SUS (Sistema Único de Saúde) enfrenta tem, na verdade, entrado no debate central.

Afinal, a questão é muito mais grave e envolve, além do financiamento e gestão, o modelo de atenção, a relação público-privado, a força de trabalho, o controle social e a impunidade, que é a regra.
Contra-hegemônico, a principal e mais poderosa ameaça à histórica e predadora ação patrimonialista do Estado brasileiro, tudo vem sendo feito para evitar sua plena consolidação. Pensado como política de Estado que deveria ser imune aos governos, o SUS tem sido desconstruído por políticas absolutamente dessintonizadas de seus princípios e arcabouço jurídico.

Desde a contratação de serviços, dos mais simples aos mais especializados, em substituição ao público, passando pela intermediação de mão de obra por meio de empresas e cooperativas, até a entrega da própria gestão dos serviços públicos a grupos privados, tudo no sistema foi transformado num grande e privilegiado balcão de negócios, as "parcerias", para atendimento dos mais variados interesses.

Essa é a raiz dos escândalos que assolam o país, sob silêncio assustador dos que deveriam zelar pelo cumprimento das regras do jogo, como o Ministério da Saúde e o Poder Judiciário.

Se quisermos resgatar a proposta mais includente e democrática, o Ministério da Saúde deve ter uma orientação única, sintonizada com a estrita obediência aos princípios do SUS, não cabendo sob qualquer hipótese acordos ou conchavos que visem a acomodação de diferentes grupos e/ou interesses políticos.

Com a frágil estrutura que caracteriza a maioria dos nossos municípios, é urgente uma participação maior dos entes estaduais e federal, por meio de um financiamento adequado e pactuado de acordo com as suas reais necessidades, e uma cooperação técnica que permita a superação dos limites que decorrem da insuficiente capacitação de um número razoável de gestores, com ênfase absoluta na atenção básica.

É preciso que haja profissionalização e democratização da gestão, bem como a autonomia administrativa e orçamentária dos serviços, com a finalidade de combater a ingerência político-partidária, exercida por meio das OS (Organizações Sociais), Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) e fundações.

Outra medida é a criação do serviço civil em saúde e da carreira única do SUS para todos os profissionais, valorizando a qualificação, a interiorização, o tempo de serviço e a dedicação exclusiva. Tais ações serão fundamentais na estruturação da rede pública, superando a absoluta dependência dos onerosos serviços contratados, ampliando em consequência a oferta e o acesso aos serviços.

Por fim, o respeito às decisões, a soberania e a autonomia dos Conselhos de Saúde e o combate sem tréguas à impunidade promoverão o definitivo salto de qualidade necessário à afirmação plena do sistema. Para nós, o SUS pode ter sua última chance, a depender da decisão política adotada.




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“Uso de drogas existe solução, mesmo ele não querendo”.
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Cigarros feitos com pouca higiene

Cigarros feitos com pouca higiene

ISMAEL DE FREITAS
Resíduos de plástico, fragmentos de metais, algodão e restos de insetos foram encontrados em cigarros de cinco marcas que frequentemente estão entre mercadorias contrabandeadas e apreendidas pela Polícia Federal (PF) na fronteira com o Paraguai. O diagnóstico é resultado de um exame feito pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Para a pesquisadora responsável pelo laudo, professora Nadir Rodrigues Marcondes, doutora em Ciências Biológicas, a presença dessas substâncias em grande quantidade pode ocasionar problemas ao fumante.

Ela alerta que esses elementos não têm grande potencial de ocasionar doenças por si só, mas, se eles existem na composição do cigarro, o produto foi processado em condições inadequadas de higiene, o que pode ocasionar a presença de outras substâncias não detectadas em exames macroscópicos. “Isso reflete a qualidade higiênica de produção. Os insetos podem estar na folha do fumo, os metais são adquiridos através da fricção de peças de maquinário não regulado e os fios de plástico vêm de embalagens do produto in natura”, explica Nadir.

O laudo indica que cigarros da marca Classic Suave foram os que apresentaram a presença de mais produtos estranhos. Em seguida, aparece a marca Bill Lights. Também foram mencionados no estudo cigarros Bill Filter King Size, Hills e Euro Star Suave. Os testes foram feitos em 10 gramas de cada produto.

Saiba mais
Veja o laudo com as impurezas encontradas nos cigarros
Mercado

O varejo dos falsificados

Além das grandes apreensões de cigarros contrabandeados feitas pelas polícias, o varejo permanece de forma ativa nas cidades. Em Ponta Grossa, nas proximidades do Terminal Central de Transporte Coletivo, diversos vendedores expõem seus produtos sofrendo pouco incômodo da fiscalização.

“Quem não perdoa mesmo é a [Polícia] Federal. Quando eles aparecem a gente tem que entregar tudo, não tem jeito. Às vezes a [Polícia] Civil também faz alguma ação, mas, na maioria das vezes, a gente consegue correr”, diz Dora (nome fictício), de 65 anos. Ela conta que o dinheiro conseguido com a venda dos cigarros não compensa. “Não dá nem pro lanche, a gente paga R$ 8 reais no pacote e vende cada maço por R$ 1, o que dá R$ 2 de lucro”, afirma.

A menos de 10 metros da banca de Dora, improvisada na calçada, outra vendedora conta uma história diferente. “Eu consigo vender bem, me sustento só disso e ainda tenho um filho que depende de mim. Já pegaram a minha mercadoria mais de 40 vezes, mas ainda assim dá pra viver, a gente já conta com esse prejuízo”, diz Maria (nome fictício), de 55 anos.

“O cigarro faz mal, independente da marca, falsificado ou não. Todos apresentam mais de 4 mil substâncias nocivas à saúde, todas altamente tóxicas. O cigarro é a segunda causa para problemas cardiovasculares, atrás apenas da hipertensão, que pode ser hereditária, e é a primeira causa evitável de doenças do coração”, diz o cardiologista Carlos Alberto Machado, coordenador de ações sociais da As sociação Brasileira de Car diologia.

Na avaliação de Luciano Bar ros, diretor regional da Asso cia ção Brasileira de Combate à Falsi­ficação (ABCF), em Foz do Iguaçu, isso acontece porque no Paraguai, onde são fabricadas essas marcas, a legislação sanitária não é rígida como a que vigora no Brasil. “Não há controle nem rigidez, o que se busca é o baixo custo”, afirma.

Fiscalização

De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, o Paraná foi o recordista em apreensões de cigarros contrabandeados do Paraguai em 2010, com 1,48 milhão de pacotes confiscados (cada um com 10 maços de cigarro) – o que representa 43% do total retido no país. Em segundo lugar aparecem Mato Grosso do Sul, com cerca de 930 mil pacotes apreendidos, e São Paulo, com 141 mil pacotes.

Entretanto, outro levantamento, feito pela ABCF nos dois primeiros meses deste ano, mostra que o contrabando pelo Mato Grosso do Sul já ultrapassa os números do Paraná, com 37,4% das apreensões contra 23,2%, respectivamente. Segundo Barros, isso acontece por dois motivos principais. “A ascensão do mercado de cigarros falsificados está ligada ao aumento das fábricas de cigarro no Paraguai e também à maior fiscalização realizada pelas polícias”, avalia.

Outro problema, na avaliação da ABCF, é o público que o mercado de cigarros ilegais atinge. “O cigarro mais barato no Brasil custa R$ 3. Os do Paraguai custam R$ 1. Isso atinge a parcela da população que tem menor poder aquisitivo e menor acesso à saúde”, diz.



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